Brasil e a revolução da Energia Limpa

Parque eólico no Brasil com turbinas eólicas em meio a coqueiros, representando o avanço da energia limpa e sustentável no país.

Em um mundo que acelera sua jornada rumo à descarbonização, o Brasil se destaca como uma das nações com maior potencial para liderar a transição energética global. Com uma matriz elétrica majoritariamente renovável, abundância de recursos naturais e a realização da COP30 no país em 2025, o cenário é propício para que o Brasil não apenas participe, mas influencie profundamente, os rumos da energia limpa no planeta.

Liderança natural: O Brasil e sua matriz limpa

O Brasil se destaca globalmente por possuir uma matriz elétrica que é predominantemente renovável, um diferencial expressivo quando comparado à média mundial, onde os combustíveis fósseis ainda respondem por mais de 60% da geração elétrica.

De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e com dados recentes da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), cerca de 85% da geração de eletricidade no Brasil vem de fontes renováveis, enquanto a média mundial é inferior a 30%. Essa composição coloca o país como referência entre as grandes economias em desenvolvimento.

Essa matriz é composta principalmente por:

  • Hidrelétricas: (aproximadamente 55% da capacidade instalada);
  • Energia solar: (cerca de 16%);
  • Energia eólica: (15%);
  • Biomassa: e outras fontes renováveis (5%).

A predominância das hidrelétricas, que têm longa tradição no Brasil desde os anos 1950, foi progressivamente complementada pelo crescimento da energia solar e eólica, que têm tido grande expansão desde 2015.

Expansão acelerada das fontes renováveis em 2024

Em 2024, o Brasil adicionou mais de 9 GW em capacidade renovável, marcando um dos maiores crescimentos em termos absolutos da última década. Essa expansão se concentrou especialmente nas fontes solar e eólica.

Energia Solar: Potência em ascensão

A energia solar ultrapassou 36 GW de capacidade instalada, considerando tanto a geração centralizada (usinas solares) quanto a geração distribuída (instalações em telhados residenciais, comércios e áreas rurais). O Brasil está entre os 5 países que mais instalaram energia solar no mundo em 2024.

Fatores que impulsionam esse crescimento:

  • Incentivos tarifários para geração distribuída (como o Marco Legal da GD, Lei nº 14.300/2022);
  • Redução de custos de equipamentos;
  • Alta irradiação solar em regiões como o Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.

Energia Eólica: Força dos ventos do nordeste

A energia eólica, por sua vez, vem crescendo fortemente, especialmente nos estados do Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará e Piauí. A capacidade instalada em 2024 passou de 29 GW, tornando o Brasil o maior mercado da América Latina em eólica terrestre (onshore).

  • Os ventos brasileiros têm características muito favoráveis: são constantes, com alta velocidade e pouca variação ao longo do ano.
  • A fator de capacidade (relação entre produção real e produção máxima possível) das eólicas no Brasil chega a 50% em alguns parques — um dos maiores do mundo.

Biocombustíveis e Hidrogênio Verde

O Brasil também é referência mundial na produção e uso de biocombustíveis:

  • Etanol: produzido principalmente da cana-de-açúcar, é utilizado em larga escala desde os anos 1980.
  • Biodiesel: misturado ao diesel fóssil, teve sua mistura obrigatória aumentada para 14% em 2024.
  • Hidrogênio verde: o país iniciou projetos-piloto em locais como o Ceará e o Porto do Açu (RJ), aproveitando o excedente de energia renovável para produzir hidrogênio por eletrólise da água — um vetor estratégico para exportação de energia limpa no futuro.

Comparativo internacional: Uma exceção positiva

O Brasil é um dos poucos países em desenvolvimento com alta penetração de renováveis, e essa condição é reconhecida internacionalmente. Um estudo da Universidade Johns Hopkins (2024) listou o Brasil entre as quatro potências com maior potencial de liderança na indústria verde global até 2050, ao lado de China, EUA e Rússia.

O país combina potencial técnico, recursos naturais abundantes, experiência em gestão de energia renovável e posição diplomática estratégica. Isso significa que, além de abastecer seu próprio consumo com energia limpa, o Brasil pode se tornar exportador de soluções energéticas sustentáveis, inclusive sob a forma de commodities como o hidrogênio verde.

A matriz elétrica brasileira não apenas atende a critérios técnicos e ambientais, ela simboliza uma estratégia nacional de desenvolvimento sustentável. 

O país já opera com um padrão que muitas nações ainda estão buscando alcançar, o que lhe confere uma posição privilegiada no cenário da transição energética global. Com o avanço das tecnologias limpas e a chegada da COP30, o Brasil tem a chance de fortalecer ainda mais esse protagonismo.

Metas climáticas e desafios internos

Apesar de avanços recentes no combate ao desmatamento — com uma redução de aproximadamente 50% nas taxas da Amazônia entre 2023 e 2024, o uso da terra continua sendo o principal fator de emissões no Brasil. 

Segundo o SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), a mudança no uso do solo (especialmente desmatamento e queimadas) representa mais de 45% das emissões nacionais.

A recuperação de áreas degradadas e a valorização da bioeconomia são caminhos essenciais para reverter esse quadro. No entanto, isso depende de:

  • Fortalecimento da fiscalização ambiental;
  • Aumento do financiamento para preservação;
  • Inclusão das comunidades tradicionais em projetos de conservação.

O desmatamento não é apenas uma questão ambiental — é também uma ameaça à imagem internacional do Brasil e ao acesso a mercados que exigem rastreabilidade e sustentabilidade nas cadeias produtivas (como a União Europeia).

Setor de transportes: Um gargalo de emissões

O setor de transportes é o segundo maior emissor de gases de efeito estufa no Brasil, ficando atrás apenas da agropecuária. A dependência de veículos movidos a combustíveis fósseis é um dos maiores entraves para a descarbonização da economia.

Alguns dados importantes:

  • Mais de 90% da frota nacional ainda usa gasolina ou diesel;
  • A eletrificação da frota está engatinhando: veículos elétricos representam menos de 2% das vendas totais;
  • A malha ferroviária e hidroviária permanece subutilizada — o que aumenta o uso de caminhões e o consumo de diesel.

Soluções em discussão incluem:

  • Incentivos à produção e ao uso de biocombustíveis avançados, como o bioquerosene para aviação;
  • Políticas de eletromobilidade, com isenções fiscais para veículos elétricos e desenvolvimento de infraestrutura de recarga;
  • Expansão do transporte público de baixa emissão nas grandes cidades.

Infraestrutura e regulação do setor elétrico

Com a rápida expansão de fontes intermitentes como solar e eólica, o Brasil precisa modernizar sua infraestrutura elétrica para garantir segurança energética e estabilidade do sistema.

Desafios atuais:

  • Armazenamento de energia: ainda incipiente no Brasil, mas essencial para equilibrar a oferta e demanda em períodos de baixa geração;
  • Redes inteligentes (smart grids): ainda em fase piloto na maior parte do país, mas fundamentais para integrar múltiplas fontes de energia descentralizadas;
  • Planejamento e regulação: o setor carece de marcos regulatórios atualizados que incentivem investimentos em inovação, digitalização e flexibilização da rede.

O avanço nessa área exige atuação coordenada entre governo, agências reguladoras (como ANEEL), distribuidoras e setor privado, com foco em inovação e segurança jurídica para atrair capital.

Financiamento: O elo que ainda falta

Cumprir as metas climáticas até 2035 exige fortes investimentos — públicos e privados. Segundo o Instituto Propague, mais de R$ 100 bilhões por ano serão necessários para que o Brasil avance na agenda de descarbonização, com foco em energia, transporte e agricultura.

Iniciativas em andamento:

  • Fundo Clima: retomado pelo BNDES em 2024, com meta de captar R$ 10 bilhões até 2025;
  • Debêntures incentivadas de infraestrutura: para projetos de geração e transmissão de energia limpa;
  • Fundos regionais (FNE, FNO, FCO): passaram a incorporar critérios de sustentabilidade para concessão de crédito;
  • Parcerias internacionais: incluindo acordos com União Europeia e Alemanha para financiamento da proteção da Amazônia e do desenvolvimento do hidrogênio verde.

A busca por soluções financeiras inovadoras, como créditos de carbono certificados e green bonds, também avança, mas ainda enfrenta obstáculos regulatórios.

O Brasil deu um passo corajoso ao assumir uma das metas climáticas mais ambiciosas entre os países em desenvolvimento. No entanto, o caminho até 2035 exige enfrentamento direto de desafios estruturais, especialmente no uso da terra, nos transportes e na infraestrutura energética.

Para que o país cumpra seus compromissos climáticos sem comprometer o crescimento econômico, será necessário articular políticas públicas de longo prazo, incentivos claros ao setor privado e inclusão social. 

A COP30 será um momento-chave para o Brasil mostrar ao mundo como pretende transformar seus compromissos em ações concretas.

COP30 em Belém: Uma vitrine global

A Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30), marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), é uma grande oportunidade de posicionamento geopolítico para o Brasil.

O país quer liderar um “mutirão global contra as mudanças climáticas”, buscando mais cooperação internacional, financiamentos verdes e acordos comerciais sustentáveis. A escolha de Belém — no coração da Amazônia — é simbólica e estratégica, mostrando ao mundo a importância da proteção dos biomas tropicais na luta contra o aquecimento global.

Oportunidades econômicas e tecnológicas

A transição energética também abre caminhos para o crescimento econômico e a reindustrialização sustentável do Brasil.

  • Minerais críticos: O país é rico em lítio, grafite e nióbio — essenciais para baterias e turbinas.
  • Indústria verde: Com incentivos do programa “Nova Indústria Brasil”, o país mira a produção nacional de tecnologias limpas (placas solares, turbinas, baterias).
  • Geração de empregos: Estima-se que a transição energética possa gerar mais de 2 milhões de empregos verdes até 2030.

Essas oportunidades mostram que sustentabilidade e crescimento podem — e devem — caminhar juntos.

Conclusão

O Brasil tem tudo para ser um protagonista da transição energética global: recursos naturais abundantes, capacidade técnica, ambiente regulatório favorável e uma matriz já majoritariamente limpa. Mas, para manter esse papel, será essencial:

  • Avançar no combate ao desmatamento;
  • Ampliar os investimentos em infraestrutura e inovação;
  • E fortalecer o diálogo internacional.

O futuro da energia limpa passa pelo Brasil. E a LUZ, como agente da transformação, segue acompanhando de perto esse movimento, conectando consumidores a soluções energéticas mais sustentáveis, acessíveis e inteligentes.

Foto de Luz

Luz

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